Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ausências


Queimo
Para deixar as feridas expostas
Escancarar a porta
Me afogar em vícios
Sentir o mundo
Esquecer de tudo

Para provar que você é
Choro
Sofro
Quero
Me amputo
Desnudo

Despeço-me
Para nunca mais voltar
Para me arrepender
Por virar a página
Saltar no desconhecido
Evaporar nas rodas

Meu destino

A saudade
Fragilidade
Minha doença
Criança inocente
Fugazes momentos
Beldades não mais presentes

Vocês ausentes...



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Bolero


Lá do outro lado
Perto do intangível
Pareia de luz
Laços de harmonia
Intranqüilamente agoniada
Na cadência do Chicago Shake
Com o vestido lascado nas laterais
Pernas sensuais
Comia... a esteira do palco
Abria vaga nas multidões
O moço ao lado
O Paletó
O suspensório
A boca vermelha
O tesão com gosto
De lado a outro
Se agarrava
Trepava no pescoço
Escondia o rosto
E se ia indo
Digno de Las Vegas
Dinheiro,
cocaína,
jogos,
sorte,
platéia
O sapato alto
Os arranhões nas costas
A moça “desprecavida”
que comprometida era
Deixou um beijo ser roubado
a roupa, rasgada
e pelo sexo foi tomada

sábado, 14 de novembro de 2009

Minha Incompreensão





Temporadas de paz
Minha homérica guerra
Sonhou-se um universo bom
Perdido em encruzilhadas
Um passo atrás
para outros lugares
Um risco no rosto
Milhões de cicatrizes no peito
Onde existe um salvador?
Pedaços de pedra
Rachaduras
Mais uma condição
Farelos
Pão esmigalhado
Outra companhia perdida
Coleção nada saudável
E, enquanto todos mudam,
uma essência teimosa
ferina
teima na contra-mão
esbarra
Mais uma vez
Solidão
Menino imaturo
Erros inconsertáveis
Cego de ponto-de-vista
Minha eterna máscara
inquebrável

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Descompostura de Uma Memória


Caminhos
Prelúdio da separação
Novas fontes de conforto
O velho renovado
O tempo passou
Você sempre bagunça aqui dentro
O estrondo ensurdeicedor
você sentou do meu lado
E olho para seus olhos
sempre tão mágicos
sob luz espaçada
dos trilhos por mim trilhados
Numa só existência
Muitas vezes, num só segredo
Palavras que não saem da boca
Arrebatado pela memória
Preciso de mais porquês para minha angústia
Sonho inacabado
Final lúdico de riscos rabiscados
Tudo faz com que eu arrisque
O que você queria ouvir
terminei sussurando
Vou sentir alguma falta
Lembrar, mesmo sabendo que,
um dia, esqueci
De uma história com início, meio, sem fim
Sem anular aquela identidade
Legado de adolescente
Algo indecentemente errado,
modelo certo de um desregrado
Você ao meu lado
Novamente,
me desespero!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Genealogia Reinventada



Genealogia sofrida
de algo que eu acreditava existir
Amargamente calado
Um passado distante
de um jogo perdido
que pinga no chão de meu quarto
E me acho numa sombra difusa
que mal percebo como existência
ao lado de alguns sonhos
que sozinho projetei
Uma criança
perdida
O que resta de tudo isso
Quantas estórias para contar
E me pergunto, mesmo sabendo,
por que desta forma?
E encontro um novo caminho
Fadas para meu guarda-roupa
Quem dirá que é mentira?
Colho as pedrinha
restou a demolição
E mais uma vez digo
genealogia de uma existência sem passados
A aposta não valeu o prêmio
E o que nos resta são escolhas?
Toda a turbulência acontecia
nem olhei para as estrelas
E a lua lá no alto
nunca mais brilhou
Com a cabeça baixa,
já decorei os lugares por onde passei
E quem se importa com a solidão?
E acredito num profeta salvador
quando quase tudo se resume
aos medos, às decepções e aos riscos

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ornamento


Ornamento

Pia vazia

Títulos pedantes

Obras rasantes

Excitante prazer

Quero te levar comigo

Para meu esconderijo

Que é tão escondido

E é onde consigo viver

Sem remorsos de ser

o que não sei fingir

Sem nenhum agrado

Fio desbotado

Polvilho largado

Ladeado de ratos

Com fome de traça

Onde a saliva escorre

pelas beiradas da boca

Corpo da fome

Escopo lamento

Cacofônico momento

de ilhas de prazer

O menino sem teto

Agoniado e sozinho

Contracenou com o destino

diretor uterino

do sábio viver

Perdida a esperança

Voltou para o lar

Maldito acaso

que um “Senhor”

lá do alto

fez questão de ditar

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Quando a Gente Cresce e Amadurece


Não atrapalhe minha insônia

Bebi a agonia do cansaço

Os sonhos de criança

falidos encontros desencontrados

Fálica caminhada

Maduro de imaturidade

O rumo de um derrotado

As expectativas de progresso

A vida não é palco de testes

Profundamente superficial

O que não encontra nenhum caminho alternativo

Copiador de poesias

Expectador do passado

Ode aos porta-retratos

Pluma picotada nos restos de cinzas queimadas

Isolado na escuridão

Escondido da realidade

Nem ele se importará quando as cortinas se fecharem

O anti-herói selvagem

Brincalhão do jogo dos erros

Penhasco fundo

do rumo de um coração partido

Recomeço frustrado

de uma criança-adulta

à beira do colapso

quinta-feira, 23 de julho de 2009

História de Recados Riscados


Com a decepção
O recado à porta
A espera do milagre
E insultei o insulto
Sorrir no meu espelho
Quão caro pagamos por erros
O ponto de entrada
Chegada da saída
A música parou
Cambaleando, estanco
Despeço-me aos prantos
com cantos e contos de dor
Odes calorosas
Com desfeita polêmica
dos polens levados ao céu
por nenhuma essência
Sem os mares de rosas
De rosas vidas pretas
Só com a cor negra
a cor da misericórdia
cor dos caretas
E preciso repetir tudo isso
Venho com a mesma cara plácida
Nenhuma ironia do destino
No pergaminho iluminado
Pela estória de vida
que anda ao contrário
numa história de recados
alguns deles riscados

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Momentary Lapse of Reason



Tudo sem sentido
Só para matar o tempo
Espirro
os medo das prisões
a erudição
Logo você foi quem partiu
Quer a passagem de volta?
Eu pago para o final
Queria andar na praça
Vi um menino parecido comigo
Quantos ecos no corredor
Por que tem que ser branco?
Queria um momento de esquecimento
Quero vender um punhado de decepção
A ligação chegou ao fim
Quantas encruzilhadas mais precisamos?
Nada pode ser perfeito
até que se mostrem os defeitos
A momentary lapse of reason

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Último Homem que Partiu




Ensinando a ser alguém
As facadas vêm devagarzinho
Rasgando as roupas
Rompendo a pele
Epiderme
Lesionando os músculos
Friccionou os ossos
Tocou na medula
Poluiu a essência
Agora ele tem que se jogar nas palavras
Seguiu viagem
O rio foi para o céu
Existem cacos de vidro
É hora da ronda policial
Ele esqueceu a camiseta
Queimou a assinatura
Os chinelos estão gastos
Ele voltou para minha casa
Partiu por que buzinaram
Não existem sombras nas cidades
A ponta do lápis quebrou
Tirou um passaporte para navegar
As velas estão queimando
Os cabelos ficaram grisalhos
Ele arrancou sua órbita ocular
Isso é uma aventura perfeita
O prefeito o repreendeu
Houve sucesso no carnaval
Já existem montanhas no mar
Fotografias são ficções
A vida,
desconhecido de ilusões
Projeções de grandes projetos
Arcaicos medievais
Ele viajou para Europa
E acredita agora
que a todos pode superar
O último homem que partiu
Uma viagem sem fim
Sem caminho de volta

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Menina da Chapelaria


Outros que já pensaram o que eu queria dizer
Gritos e gritos
Eu grito
Irrito
Azucrino
Insisto
E o prazer?
Sentimento sofrido
Lembro daquele encontro
Desencontro achado
em baús perdidos
E agora me afogo em químicas
de sonhos radiantes
O chapéu que pus na cabeça
Sob estonteantes olhares
de abas trocadas
de par em par
Pulos de brincadeira
A pobre menina
Indecisa
Alheia
Escondendo-se no invisível
O assombro que se construiu
Com medo do reflexo do espelho
Sofrendo por quem partiu
A garota droga
a droga da vida
que a intima a ser
o que no fundo do peito nega existir
O pouco que se conhece
Decidiu especular
Os perigos da ida
da uma aventura infantil
Na chapelaria
se reconfigura
Esconde os cabelos
Remodela o rosto
Conhece curiosos
Falantes de cotovelo
Menino de muitos encontros
Trocas de telefone
A menina na chapelaria
Nada comum
para um dia de sexta-feira
Seguir a estrada que nunca termina
da vida arrastada
que em largos passos declina
De um estranho sonhador
Imaginário perigo
A criança sem dor
Encontro com despedida
“Toquei na sua mão,
esperarei aflita”

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Com fim, contado



A gota do sangue da rosa
Vida filantrópica
Tropeçando em erros pueris
A contramão do destino
O último a beijar o azul
Filho que vai para nunca mais
Bebendo o óleo das articulações
Música para flutuarmos
Esmagou o sentimento
As pessoas não nos merecem
Havia alguma lógica recalcada
Certificado da lua
Nada é justo com ninguém
Contei com a sorte
Tossi as moscas da capa
Joguei cal na estrada
Desabotoou os pontos da trama
Desbotou a maquilagem do rosto
Vi o monstro distraído
Não deveria ser tão difícil
O corredor é assustador
Melei a parede branca
Você saberá que estive aí
Cuidei dos meus lábios ressecados
Enxagüei meus olhos molhados
Pus uma lente azul
Aquilo que era negro,
colori
A pá
corri
Léguas
sem fim
com fim,
contado

terça-feira, 16 de junho de 2009

Recado ao Redator





Poesias carregadas de efeitos
Para explicar
O porquê de estar aqui
Responder as perguntas
Aglomeração desordenada
Fase de descoberta mal resolvida
Carência é solidão
Medo de mil coisas
Quero a genealogia da existência
Não consigo enterrar o passado
Ele impregna nossos olhos
nossa pele
as paredes de meu quarto
Os que passam por aqui
Só querem informação
Mais uma vez corri do perigo
Nunca conhecemos a essência da vida
Fuga grosseira
O melhor caminho para responsabilidade
Uma criança que renasce em nosso peito
Reciclagem do amor
Por tudo que você fez
Ainda sou eu o infantil
O resultado da vingança
O orgulho ferido
Com viseira nos olhos
Somos capazes de verticalizar
Não devemos conversar com estranhos
E sempre emprego o verbo no pretérito
Para aquele que nunca é
Sempre foi
Aqui não é lugar para rancor
Minhas plantações de algodões são rosas
Queria saber pintar
para fazer aquela aquarela de complacência
Mas o sonhador sonhou sozinho
O barco do pescador afundou
Na guerra, diplomacia é eufemismo
Os políticos estão corruptos
Qual discurso pró-causa você construirá?
Afinal, eloqüência é um dom
O silêncio expressão
Por bem, não me candidatei
Nesta eleição, a chapa é única
Bom proveito de seu governo
Exilo-me de seu país
Você não precisa mais de tabuleiros

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Por Cada Gota de Perspectiva


Como quem insiste em não querer fechar as portas
Não existem forças para recomeçar
A façanha da vida
A descoberta do câncer
Tranqüilidade serena
Alzheimer genitor
Você nem se lembra de mim
Saudosismo de esperança
Estações de troca de folhas
O tempo que acelera
a cada pingo do desejo
Problemas que se amontoam
Engarrafamento de procissões
Queria minha mãe por perto
Se meu pai não tivesse partido
Esconder minhas vergonhas
Fingir não ter magoas
Quem é capaz de entender
o caminho pelo mesmo chão,
os mesmo buracos escondidos,
o segredo revelado?
Passar pelo portão diversas vezes
Seguir um rumo desconhecido
A inspiração do exemplo
Inesperada aflição
Sofrimento solitário
Minhas pessoas
“Eus” de decepção
Chorei algumas palavras
Bracejo todo calor bem quisto
Balbuciei ajuda
Quem dera você ter prestado
A agonia na cama de um hospital
Hospício para o pensamento
Morfina para meus sonhos
Não quero sentir a passagem da dor
Peregrinação dos fieis
Incredulidade do amanha
Partir querendo ficar
Não dar as costas jamais
A família no quintal
Uma bola
Um peão
Sem questões pendentes
Sem acusações
Por cada gota de perspectiva
Por meu amor
Por meu carisma

terça-feira, 9 de junho de 2009

Hipocrisias



Por onde devo começar?
Lembranças
Confiança
Crenças
Momentos
Seu cinismo
A estrada se entorta
Esse seu ponto forte,
Tão fraco
Falsidades
O mesmo lugar em que nos lembra
Você foi para lá
O imperador vigia
Meus ouvidos escutaram frases
Seus planos são para camuflar
A história chega ao fim
Você passou por cima de tudo
E nos momentos que preciso
Você não estava lá
Grato pelo tempo perdido
Não consigo olhar para as flores
Se foi tudo mentira
Tire seus óculos escuros
Vá para o alto do banco
Tire as mesmas fotos
Atravesse o mar com Severino
Filme a mesma façanha
Compare todos os toques
O jeito de olhar
As frases de reflexões
A livraria é ponto de encontro
Veja o que pensei
Sugue logo essa fantasia
Considere só uma face da moeda
O preço talvez seja caro
Esses não eram os melhores dias
Quantas versões você escutou?
Nunca mais conversamos
O tempo passou
Afinal chegamos ao fim
Só faltam seis meses
Para quê conservar
Deleto
Detesto
Todos os testes
As ligações
Mas quem disse que alguém se importa?
Sua indiferença
As lágrimas
Tudo tão hipócrita

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vida


Vida que se vive a marcha ré
Contando-se os pifs, pafs, boom
As pedrinhas do caminho
A memória que vai e volta
Por vezes fica
Por oras vai
Pessoas que aparecem
Que fogem
Se negam
Ajudam
Os mestres da vida que nos aconselham
a seguir direções
menos pedregosas
Fotos que tiramos
O estudo do futuro
Dos profissionais que queremos ser
Os impactos das surpresas
O mundo de novidades
que não pára de crescer
O “modelo Peter Pan” que cultivamos
resistindo em largar a infância
que ainda bate em nossas portas
O olhar caridoso de nossas mães
Os amigos que encontramos em esquinas
mas que em nenhuma delas é capaz de nos deixar
Vida que de vez em quando dobra
Em rotas seguras
ou perigosas
A rotina da internet
Do universo globalizado
Tudo acontece ao mesmo tempo
enquanto estamos no teto de nossas casas
observando o céu
ou ouvindo as cigarras
Os carros que a todo o momento passam
E, às vezes, só passam
As noites de sono recomendadas
desperdiçadas em poemas
leituras
e jogos
O perigo da vanguarda
O tradicionalismo paternal
As drogas da adolescência
O porre
A cachaça
A maconha
O sonho da banda de rock
As brigas de família
presentes até nas melhores estirpes
O descobrimento de novos mares
As cores
A textura
O sabor
A criança aprendendo a andar
a falar
a viver
E os momentos difíceis de despedida
Vida que se segue em várias velocidades
Que estanca
Anda
Volta
Se perde
Se encontra
Breca
Bate
Vida de arremate
De princípio
De ética
Desonra
Inovação
Vida progressiva
Não linear
De sustento dos outros
Do horário contado
De confusão
Caótica
Repreensiva
Cheia de obrigações
que pode nos leva a crescer
mas também pode nos levar a enfartar
Vida em instantes a beira do lago
A traição inesperada
O encontro desmarcado
Tudo isso ao mesmo tempo
Com o celular na cabeceira
Sempre a espera de uma mensagem
fraternal
libidinosa
reconciliante
Vida que em momentos precisa de óculos
E que em outros caminha só
Que às vezes cobra uma bengala
para justificar a lerdeza dos passos
das fracassadas estratégias
de engano
desencanto
desando
dor
Vida de sentimentos
Nenhum deles vãos
Vida de experiências que coletamos
Uma a uma
Com ou sem paixão

sábado, 30 de maio de 2009

O Jogo


Antes de tudo, produtos de escolhas
Conflito desarmado
Mas quantas outras armas você carrega?
Cartas personificadas
Tabuleiro de denúncias
O dado é viciado
Juro, cansei dessa história
- “Cassino não é lugar para crianças”
“São tão “frescurentas””
“Ninguém tem paciência”
Tem?
E se elas quisessem só um pouco de atenção?
Afinal, são indefesas
Há tanto barulho
Assusta
Independe
Você vai jogando
Jogando
Estamos falindo
Esse é o seu investimento?
Ainda é tempo de retorno
Você trapaceou pelas costas
Nada sadio
Desleal
Porque não falar tudo
para os que estão na mesa?
Vi um “joker” em sua meia
Qual carta você substituirá?
De fato você ganhou
Mas à custa de alguma dor

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Estórias de Desencanto


Deixe-me arregaçar as mangas
Para dizer quem sou
Inventar alguns pontos
de uma trama só minha
tão sua
Relembrar as novidades de algumas noites
Mentir sobre compaixões e paixões
que nunca senti e sinto
Narrar pessoas de papel
que se colocaram em estradas de ferro
Dizer um pouquinho do que fui
Gritar como me sinto agora
Com todos esses eventos
que me levarão
a não dar a mínima
nos seus momentos dor
Esses borrões de seus rabiscos
Os livros e fotos
Tenho que lhes dizer
Novamente reescrevo
para uma pessoa querida
Mas seus olhos não lêem
A comodidade da situação
Cúmplices
Muito legais
O tempo terá sua vez
Estou aqui esperando
O sol raiar
Ouvir suas desculpas
Sempre tão iguais
Mas não quero ficar
declamando esse tempo
Triste
Prefiro olhar para o futuro
Longos textos fulos
Da pessoa que me tornarei
Mas quantos não mudariam
quando soubessem do que sei?
Sozinhos nos momentos de companhia
Quanta ironia
Aleivosia
Eu não tenho coragem
Mas pode acreditar
Existem os que têm
Nem falo dos estranhos
Esses nem conto
São aqueles mais próximos
Com quem me desencanto
Politicamente corretos
Quanto esforço você fizera
A depender de quantas pessoas
se carregará nossa amizade
que pelas beiradas
estertora?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Volátil Estima


Cartas de adoração
Amizades voláteis
Promessas
Fui
Encontro
Ninguém
O lado escuro
Parcelei
a atenção
Prestações de serviços
Interesses póstumos
Ocultar os segredos
Íntimos
Joguei o jogo
Perdi a aposta
Bloqueio aberto
Segure
Caminhe
Arraste
Singelos medos
Tudo muda
Estratégias frágeis
Esqueci que era uma guerra
Bombas de emoção
Excluído do combate
Troquei de uniforme
Você veste roxo
Ele canta ao seu ouvido
Cantada perigosa
Harmonia
Traição
Palavra forte
Retribuir
Apreço
Avaliei
Carisma
Amigos em acordo
Com data de validade
Temos que repasteurizar
Tudo que vivemos
Não olhos nos seus olhos
Isso lhe diz alguma coisa?
Espero que não
Sei que sim
Não finja que aconteceu
Voei
Você não viu
Paredes
Belo encontro
Ao livre
Só por mim
Fugaz estima
De folhas rasgadas
A revelia do encontro
Você não diz mais nada

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Temos Coragem

Pode dizer que este é o fim da jornada
Talvez não precisássemos mais
Chances
Afinal, não fora por interesses?
Foi?
Não peço explicação
Pode seguir
Humor de “dono do mundo”
Mediador das terras
Balança do ridículo
Ridicularium
Espelho do desprezo
Opaca superioridade
Você faz questão
Eu sei que isso é importante
Projeções de si próprio
nas palavras e gestos alheios
Você realmente não ajudou ninguém!
Quanta caridade numa conversa
Quais são os critérios de sua escolha?
Você se acha melhor?
Como você é boçal
Como você conseguiu?
De fato, muita perspicácia
Audacioso, não?
Recolho meus exageros
Minha aparição

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Você. Precisa. Preciso. Saber.

Querer
Descobrir
Qual é o jogo
Quem vencerá?
E temos que competir?
Postura impostora
Carência de atenção
Quais motivos você arrola?
Por que sem atenção?
Fuga
Todos os instantes
Diluindo
O ouro negro
Embranquece
Homem adulto
Criança, o tempo passa
mas não envelhece
Último ano
Pano para as mangas
Lágrimas estúpidas
Quando se espera compreensão
Arranhei os dedos
Sozinho
Excluído
Para que falar?
Os passos comprimidos
Pequenos
Cortiços
Cortados
Ninguém me apagou
Aquele se foi
Está indo
Como vai longe
Você
Precisa
Preciso
Saber
Para que fazer isso?
Aonde vamos?
Confidentes desconfiados
Azedo
Ratos
O que deveríamos pensar?
O que você pensou?
O que você falou?
Atitudes
Simbólicas
Marquei
Matou
Meus ouvidos são os seus
Ouvi o que você discursou
Respondi a toda minha magoa
a toda minha dor

terça-feira, 12 de maio de 2009

Delírio



Sensação de um objeto
Utilizado
Logo descartado
Muito cansado para o caminho de volta
As mesmas palavras
para aquilo que é diferente
Quando se pensa pela primeira vez no descarte
Música cantada
Canto da decepção
Quando se pensa pela primeira vez na própria morte
Estado psicológico
A complexidade de entender
A genealogia da existência
Delírio de ponta a cabeça
que não me deixa pensar
Alguém está me apagando
Todos estão esquecendo
E continuo tentando dizer melhor que ninguém
os melhores dizeres que se podem ouvir
Não há platéia
O público vaiou
Solidão
Compaixão
A peça que mal começou,
acabou

domingo, 10 de maio de 2009

Reinício


Parem de declamar
Esses discursos sem fim
Martelo a ecoar
Não desisto
Vocês que partiram
Vergonhosamente me levanto
Tento ir para o fundo
Silencioso
Calmo
Sem gosto
A revelia
Ao som do piano
Com coragem
e medo
Desmancho
Chuto
Borrei a bote quebrado
Desenhei
Rasguei nosso retrato

domingo, 3 de maio de 2009

Dever(ia)


Apagando
Desabrochei
Respirando fundo
Foram-se aqueles dias
Insisto
Volte
Caminho
Corro
Grito
O violão não soa
Não quero mais
Arte de sofrer
Religiosos
Fanáticos
Encontrem
meu caso
tropeçando
trepidando
aos pedaços
Costura feita
Rompeu-se uma brecha
Você se foi
O que falar?
Sangro
Olhos de nada
Cegueira de ver
Boca que fala
não diz
quase nada
Suas desculpas
Acreditei
Duvido
Encontrar
Esqueci
De lembrar
O que eu deveria esquecer

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Estruturas de Concreto


As estradas de vinho
Porto de corações feridos
Balões de imaginação
O vermelho ódio
Dedos de pinça
Homem gafanhoto
Portões do som
Corrosão da crosta
Literatura surreal
Bordadeira na escada
Linha roxa
Sozinha e triste
Cansaço da volta
O carro em minha direção
Cruzei o campo
Comiseração virtual
Heróis de papelão
A luz que dissipa
Estou flutuando
Cai no porta-retratos
Guardei meu guarda-roupa
O crescimento horizontal
Os pêlos no abdômen
Lentes refletindo o sol
Toneladas de dejetos podres
Escoei por minha torneira
O caminho dos esgotos
O engodo dos ratos
Os pássaros cantando,
gritando de dor
Palavras de socorro
Caminhos de algodão
Tudo está alvo
Fiquei tão branco
Andando pelas águas
Os pingos estão pingando
Estou escutando as pegadas
Meus pés sujos
Esqueci de meus lençóis
Medo da escuridão
Não quero sonhar
O que será que acontece em nossas veias?
O albatroz lá em cima
O vento rugindo
O suor evaporou
As árvores estão falando
A morte, matando
Há crianças gemendo
Alguém está fazendo sexo
Escrevendo
Escrevendo
Escrevo
Errei
Cantei
Está desafinado
Voltei
Cheguei
O labirinto
O eco
Submarino sob as terras
Está em baixo de meu apartamento
Os aviões não conseguem voar
Só eu que agora afundo
Estranhos na rua
Me vi agorinha no espelho
O combate tenebroso
Eu posso
Olhei aquele menino
Não falei
Não tentei
Os agasalhos dos cachorros
Errei aquela palavra
Bati no porta-malas
Abri a gaveta
Mergulhei
Sequei
Peguei a agenda
Denotei
A energia está se gastando
Cuidado com os avisos
Perigo ronda à cidade
O olho mágico
A reza tem poder
O círculo tem perímetro
Equilibrei-me na corda bamba
Ondas de radiação
Hiroshima
Japoneses
Minha terra
Meus prazeres
Alusão a velha história
Os idosos são conhecimentos
Aquela folha acabou de cair
Os vegetais estão vegetando
A doença, com certeza, está doente
As espinhas são tão ruins
Meu cabelo despenteado
As pessoas que irão me ler
A decepção do encontro
Tudo vazio
O vizinho já mudou
O “ABC”
O ladrão
Desliguei a televisão
Jornal noticiou
Respirei
Toquei
Tentei
Abri
Engoli
Sozinho
Sem mim
Achei
Perdi
Escolha social
Preconceito
Esqueci
Eu posso
Consegui
Você partiu
Fiquei
Fui
Parei
Senti

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre o Colapso e o Desterro


Querendo explodir em mil pedaços
A arrastada vida me aprisiona
À beira do colapso
Vítima de palavras
Submisso a alguns medos
Entorpecentes derrotas
Lágrimas rancorosas
Maquiagem borrada
Vômito de horror
Quebrei aquele anel
Romântico sádico
Masoquista sentimento
Lembranças enterradas,
desenterradas,
sacramentadas
Preço do desprezo

Exílio da personalidade
Especialista em mentiras
Patologia incurável
Crítico sedutor
Artificialidade do pensamento
Negação ao apego
do aperto de meu peito
Poema sem conclusão
Fatalidade sem desterro

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Vergonha de Meus Desejos




Começo com desculpas
Por tudo que um dia fiz
Que deixei de fazer
Por não ser quem prometi
Pelos olhares que neguei
Aquele toque,
Aquele toque,
Maldito toque
eu esqueci de repeti-lo
Perdão pelos beijos que não consigo
evitar o desejo
Meu olhar imóvel quando você passa
As mãos que ardem à revelia da separação
Esqueça minha humilhação
por instrumentalizar o objetivo final da minha existência
Por buscar, a todo custo, sua presença
Por não me conter na sua ausência
O desespero da partida
Essas poesias ridículas
O silenciado protesto
O calado discurso
Um coração mudo
O amor infantil
Meu Complexo de Peter Pan
O calafrio do primeiro encontro
A dúvida do futuro
A clemência,
redundância
e medo do presente
O que não quero ser
A fuga do meu sofrimento
A vergonha de meu desejos...

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Que Se Passa?


Eu posso sentir toda essa dor
Eu posso senti-la
Eu posso senti-la
O que se passa?
O que se passa para eu ficar assim?
E eu me pergunto o que fazer
quando sei que todos nós caminhamos para o fim
E peço para você não partir
Não agora
Logo agora?
Meus dedos desaçucarados
Os pés que caminham sem rumo
E não quero que você vá
Olho para tão longe
O vento que leva meus cabelos
E eu só quero chorar
Ficar só
Magoar somente a mim mesmo
O que se passa?
O que se passa no mundo lá fora?
O ninguém que fazem de mim
E passo despercebido
A cabeça baixa
Eu quero levantar
À sombra de meu corpo
Desabo a acreditar
que posso vencer
A fúria da mudança que aqui nasce
E o que se passa?
O que se passa aqui dentro?

sábado, 18 de abril de 2009

Meu Partido de Vida


Esquecer tudo
É isso que procuro
Resetar os medos
Suprimir as ideologias
Sambificar meu rock
O menino com vontade tropeçou
E esqueceu que tinha de fazer tudo diferente
Os políticos terminaram suas campanhas
Teremos ainda algo a se fazer?
Ah, estou jogando tudo fora
O mundo perdido
O garoto questionador
A criança se calou
Que tal ouvir um pouco mais?
O seu risco suspirou
E ele só precisa agora de um amigo
de inimigos de prazer
E eu não quero mais mudar o mundo
Sonhos de adolescente
Fase passageira
Espero que passe rápido
No fim,
tão conservador quanto nossos pais


quinta-feira, 16 de abril de 2009

Num dia qualquer


Amar
Sofrer
Querer
Não poder
Olhar
Você
Sorriso
Abraços
Déjà vú
Lado a lado
Carência
Solidão
Tocar
Sentir
O cheiro
A pele
O Som
O Apego

Alguém aí do outro lado pode dizer que me ama?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Nossa História


Tão distante daqui
Dedilhando o chão
Meu violão ainda soa
Esse velho caminho
Pelas mesmas estradas
A turner da esperança
Os galhos das folhas ainda estão queimando
Aqui, sem você
Com um copo na mão
Meu papel
Meu coração
Escrevendo o que dá na cabeça
Omitindo o que for perigoso
A história se repete
Sem controle
Longe de mim mesmo
Essa estrada está mais distante,
você não acha?
A lua não pára de brilhar
Você é tão indelicada
Nem sequer me pergunta o que acho de tudo isso
Ta tão frio
Ou será por que estou sozinho?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Carta ao Papai

Os anos estão passando.
Mais uma vez separados.
Não existe você para apagar a luz de meu quarto.
Continuamos encontrando os mesmos velhos medos.
Medos de infância.
Da opressão.
Realmente eu queria que você estivesse conosco.
Tudo podia ter sido tão diferente.
E parecemos mais dois estranhos.
Nunca entendi por que você se afasta tanto.
E eu ainda choro.
Pode acreditar, eu ainda choro.
Não pelo que você hoje é, esse ser tão desconhecido.
Que não sei por onde anda,
nem o que faz;
que não sei a rotina;
que desconheço os amigos;
que não sei onde mora.
Um ser que se perde dentro de si mesmo.
Que perdeu o melhor da vida.
Buscou o desencontro fatal.
E todos me dizem que esse não é o melhor caminho.
Mais tarde irei me arrepender.
Mas que posso eu fazer?
São tantas coisas juntas.
Todas as suas omissões.
E me diga quantas vezes você viu aquele vídeo?
Você mudou?
Tento fingir que nada aconteceu.
Mas sempre tem uma data
que me faz o desfavor de lembrar
o que quero a todo custo esquecer.
Os tempos em que você me acordava;
que íamos caminhar na praia;
que eu ficava na casa de vovó.
E eu quase esqueci seu aniversário.
Será culpa desse monstro,
pronto a me devorar?
Como eu queria que você estivesse aqui.
Mas você não está.
Mais uma vez nos meus momentos de medo,
o que será que você deve está fazendo?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Replicas, Sem Cor


Doce mel
Minha língua
Carnificina
Mãos dadas
Lado a lado
Corpo a corpo
Olhos sentidos
Frio castigo
Noite luar
“Isso tinha de acontecer”
“Nada disso pode se repetir”
E você me pede para eu tirar essa expressão de dor
Mas me parece, querida, que você não nota
que eu só preciso que fique um pouco mais de tempo comigo
“E se “para sempre” é muito tempo”
dizia outra vez o poeta
“acho que esse é o tempo que eu pretendo te amar,
mesmo sem perceber,
apenas para te gostar,
gastar a magoa, sem magoar,
desejar por desejar”

domingo, 5 de abril de 2009

Cinzas


Sangue concentrado
Na camada mais fina
Cinzas da vida
arrasta o perigo
Dura verdade
Amador de perdões
Reprodução do vazio
Todos aqueles dias
Já tinham passado
Reviveu um cadáver putrefato
Hiato
O poeta que não escreve com a pena
que usa a ponta do fuzil melada de pólvora
rabisca seus medos
que bate um a um a sua porta
Cinzas de palavras
Ditas a revelia
De maneira prática
Acinzenta meu dia
O temor da segurança
da nuvem de chuva cinza
Os restos de pó de ferro
que jogam fuligem nas sinas
O terror dos hospícios
De paredes cinzas
Mel agridoce
Um corpo, se descombina

terça-feira, 24 de março de 2009

Apenas Para Lembrar


Preparei o café para afastar o sono
Opção que você me obrigou a recorrer
Ventilador virado para a janela
A cidade tão apagada
Era noite, quente, solitária
E fico reparando a vida pela brecha de minha porta
O pobre cachorro que segue mancando
A menstruação que chega antes do tempo
Pessoas que se despendem para nunca mais
Trabalho cansativo
de um corrupto sem abrigo
alojado na casa de Barrabás

Fico parado, congelado, estático
As formigas trabalham,
varam as madrugadas
E eu escrevo poesia apenas para me ocupar
De um tempo que não tenho,
que invisto em tormentos
que eu insisto em lembrar

Vou sair esta noite
Vagar para esquecer
Já que um velho mendigo
Sábio, vivido
Um dia me alertou:
esquecer de lembrar é o primeiro passo a se dar
Como um bom discípulo
Fiel e acolhedor
Não sai naquela noite
Ocupei-me em organizar
Todas as nossas fotos
Apenas...
...apenas para lembrar...

quinta-feira, 19 de março de 2009

O Outro


O outro na extremidade
De uma margem vertical
As nuvens no céu
Chuva que goteja a janela,
que descansa em teus lábios
O vento que sopra os cabelos
O olhar que namora o reencontro
O outro na extremidade duvidosa
Com a mesma lua que consagra
o dejavu
As imagens soltas
Teu corpo nu
Com mãos dadas
O outro na extremidade ressente
Do por que de florescer
A primavera que já acabou
O inverno ta congelando
E a lareira volta a esquentar
A poltrona do medo
De uma porta aberta para o reinício
E o outro continuará na outra extremidade
A espera de uma escolha
Protelada pela angustia
do medo de se apagar aos poucos
ao invés de se consumar de vez...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Será mesmo a morte a única coisa inevitável?


“A morte é inevitável”
Disse outra vez certo companheiro

A simplicidade das conclusões
A relatividade do pensamento
Gostaria de ver você evitar nossa existência
de aniquilar nossas vontades
de esquecer o futuro e só viver para o presente
para não ter medo do medo
que defronte aos nossos olhos
zombam de nossos rasos pensamentos

E de quantas drogas serão precisas
para concretizar esse seu projeto?
Esquecer a rotina
Tentar enganar o desejo...

Que tal escrevermos uma receita
sobre a conveniência de nos aceitarmos
para não digladiar num campo desonesto
que só nos traz tormentos?

As justificavas que criamos
As respostas que inventamos
Tudo para dizer quem somos
Mas tão pouca coisa falta
para sabermos que não somos nada

Valorizamos nossos medos
Fazemos o que deve ser feito
Entrementes, quem nos dirá o que deve ser certo?

Mas independentemente das reflexões,
sempre me reencontro comigo mesmo
de uma viagem que nunca realizei
batendo sempre na mesma conclusão
que o que eu nunca consegui mesmo
foi evitar meu pens
amento

Fantasia do Existir


Poderão existir palavras que eu te diga
que desmintam o que os olhos vêem?
Vou colocar toda essa dor
aqui, neste texto
só para quebrar os espelhos
que você colocou no teto

Você com passos tão pequenos
Saltando longe daquela canção
Às margens do papel
Contei outra mentira
Qualquer coisa boa era bem vinda
Mas vendi seu coração
Por esquecer o meu numa sacola,
naquela esquina
porto do medo
cais do sabor

Escolhi pisar nos cacos
Cortei para escoar
Seus olhos de qualquer coisa
Lugares para haver alguma promessa
Transformaram rios caudalosos
em terra árida, deserta

Pílulas com fórmulas de “sorrisos”
Calma programada
Conversas trocadas vestidas
O frio que se apossa
por reaver as lágrimas,
que dos olhos rolam

Afinal um bom poeta
de verdade se degenera...

terça-feira, 17 de março de 2009

Eu conseguirei ser um pouco mais forte?


Pendurar o céu num gancho mais seguro
Tocando a zabumba para acordar os espíritos
Espantei a insônia com um livro
Calei a boca com um sorriso
Confissões comprometedoras
Possessões que chamamos de amor
Lábios que se desencontram
Corpos se arrastando
Drogas para esvair
a fuga, a existência, os caminhos, a dor
E há alguém nos esperando ao portão
Deve existir uma saída
Mas você se nega a encontrar
E você realmente quer saber o que eu penso disso tudo?
Estou vomitando o passado, cru!
Devíamos voltar na brisa
Tocar com clareza, leveza
O azul do céu parece desbotado
As estrelas desligaram
E hoje eu descobri que a lua não tem luz própria
E haverá alguém me esperando em casa?
Acho melhor sentar,
nesta cadeira de rodas, rolar....

sábado, 14 de março de 2009

Só Minha Imaginação


Apertar, morder
Falar para não dizer
O tempo que passou
A ladeira em que caí
O canto que não cantei
O abraço que te neguei
O telefone que quebrou
Pena, meu amor

O espelho que não se cansa,
não se cansa de refletir
O mel em que escorreguei
Jogados só para mim
desejo, vontade, fulgor
Carne, corte, mole, com sal
Sol vespertino
Meandro perdido
no sonho do mal

Oh... são só minha imaginação

Negação desta inércia
E não te quero só para mim
Perigo constante, afiado, ardor perfurante,
Vômito de renovação
Bebida que traz solução
Coragem ficcional, artifício artificial
Ponto de interrogação, substantivo inconstante
Toque indeterminado de uma redação
que sucumbi, aos pedaços, aos prantos

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Um Discurso a Ser Proclamado: Ora, são os Nossos Jornais!


Se eu falar musicadamente
cada trava de minha língua
termino com um piercing lesionado
pela fala que se aglutina

O entendimento confuso
da religião que se propaga
Tantas bocas falantes,
falantes de quase nada
E eu lendo o jornal que pouco me informa
matando um tempo perdido
que fujo por uma só estrada

Os olhos que observam
são fontes de pouca importância
Seus preconceitos se engarrafam
numa hipocrisia corrupta, confusa

No final chega você
Bancando o bom moço
Amigo dos inimigos,
inimigos a todo custo

Escrevendo poesias de cunho social
Todos declamam, proclamam,
rogam, rezam...
Mas as pessoas ainda são estatísticas
em todos os nossos jornais

Mais uma vez eu me revolto
Defronte ao computador
Escrevendo para eruditos,
Carentes de sabor

A mulher de lábios vermelhos
Passou agora ao meu lado
Todo aquele tesão,
tesão mórbido, gelado

E os salões de beleza se empanturram de baboseiras
TVs, maquiagem, cortes modernos, mutretas
Saídas perfeitas para a responsabilidade social
Afinal, para que lembrar aquilo que vemos todos os dias em nossos jornais?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Inversão dos Contrários


Vamos fingir que o amor não existe
Cuspir em todos os heróis
Levantar da cama para deitar de novo
Tocar para não ser ouvido
Gastar para ter dívidas
Ler contos de fadas para lembrar da vida
Marcar uma reunião com os amigos e amargurar a solidão
Sair de casa para esquecer...
Lembrar para viver...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Calúnias


Escrever na hora certa
as palavras que tem que ser ditas
a todo custo a alguém que se ama
Injurias, calúnias
Não querer mais você por perto
Uma decisão não informada...
E eu dedico pedaços de minha vida
tentando entender o porque de sua partida

Você não me deixou pistas
E essa estrada é tão triste
Tento te falar o desejo de meus lábios
O fulgor de meu pensamento
Mas você vira as costas
Corre, congela...
Se apaga, me deleta...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Interrogação: Mora em Mim


O leve vapor do café
Amargura casando com meu estado
deplorável... convincente
Lá fora só alguns carros
Aqui dentro uma canção
Minha xícara
A solidão
E você que não está aqui?
Alguns livros
O violão
Meu cigarro
O pão
As migalhas, espalhadas... no chão
No chão as roupas
sujas da noite
Impregnadas de eternidade
Vazias de significado
Tudo é culpa sua
Tudo é culpa minha
Não agüento mais essa cítara
Toda essa fumaça
obscurece o que procuro
E eu quero algum motivo para vencer
Para fugir
Para diluir a interrogação daqui...
Para encontrar algum modo para me redimir
E soprar a indecência de existir

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Destoamentos


“Os românticos são loucos desvairados”
já dizia outro poeta;
Quanto a isso me pergunto
que é que tem os loucos a ver
com toda essa mutreta?

A loucura da cabeça
A cegueira da visão
Redundâncias tão grotescas
quanto amor do coração

Amizade
Companheirismo
Pessoas
Solidão
São quase rimas perfeitas
de querubins
de rosetas
de escuridão a luz de velas
de música com violão

Pensar pra questionar
um (E)estado indesejado
Questionar para pensar
uma liberdade de seu agrado
Mudar um sistema
exterminando quem o compõe
Condenar o homicídio
E fazer da morte uma punição
Assumir uma religião
E condenar os diferentes
Isso me soa tão hipócrita
Me destoa completamente...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Algumas Palavras


Escrever para conquistar
lembrar nossos momentos de solidão
a esperança dos olhos
as proporções dos desejos

A palavra que não sai da boca
Tocar teu corpo, suado
Dizer uma mentira para confortar seus ouvidos
Fingir que nada aconteceu
Maltratar a saudade que sinto de você
Esconder tudo que tenho para te contar
Enviesar pela a esquina da obsessão
Omitir meu próprio “eu”
Guardar fotos perigosas
Ler contos românticos

Nada mais me faz dormir
Tudo é contenção
Desespero para esconder
A ganância de te ter
Ninguém ti traz de volta
e o início se tornou fim


(...)