Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ausências


Queimo
Para deixar as feridas expostas
Escancarar a porta
Me afogar em vícios
Sentir o mundo
Esquecer de tudo

Para provar que você é
Choro
Sofro
Quero
Me amputo
Desnudo

Despeço-me
Para nunca mais voltar
Para me arrepender
Por virar a página
Saltar no desconhecido
Evaporar nas rodas

Meu destino

A saudade
Fragilidade
Minha doença
Criança inocente
Fugazes momentos
Beldades não mais presentes

Vocês ausentes...



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Bolero


Lá do outro lado
Perto do intangível
Pareia de luz
Laços de harmonia
Intranqüilamente agoniada
Na cadência do Chicago Shake
Com o vestido lascado nas laterais
Pernas sensuais
Comia... a esteira do palco
Abria vaga nas multidões
O moço ao lado
O Paletó
O suspensório
A boca vermelha
O tesão com gosto
De lado a outro
Se agarrava
Trepava no pescoço
Escondia o rosto
E se ia indo
Digno de Las Vegas
Dinheiro,
cocaína,
jogos,
sorte,
platéia
O sapato alto
Os arranhões nas costas
A moça “desprecavida”
que comprometida era
Deixou um beijo ser roubado
a roupa, rasgada
e pelo sexo foi tomada

sábado, 14 de novembro de 2009

Minha Incompreensão





Temporadas de paz
Minha homérica guerra
Sonhou-se um universo bom
Perdido em encruzilhadas
Um passo atrás
para outros lugares
Um risco no rosto
Milhões de cicatrizes no peito
Onde existe um salvador?
Pedaços de pedra
Rachaduras
Mais uma condição
Farelos
Pão esmigalhado
Outra companhia perdida
Coleção nada saudável
E, enquanto todos mudam,
uma essência teimosa
ferina
teima na contra-mão
esbarra
Mais uma vez
Solidão
Menino imaturo
Erros inconsertáveis
Cego de ponto-de-vista
Minha eterna máscara
inquebrável

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Descompostura de Uma Memória


Caminhos
Prelúdio da separação
Novas fontes de conforto
O velho renovado
O tempo passou
Você sempre bagunça aqui dentro
O estrondo ensurdeicedor
você sentou do meu lado
E olho para seus olhos
sempre tão mágicos
sob luz espaçada
dos trilhos por mim trilhados
Numa só existência
Muitas vezes, num só segredo
Palavras que não saem da boca
Arrebatado pela memória
Preciso de mais porquês para minha angústia
Sonho inacabado
Final lúdico de riscos rabiscados
Tudo faz com que eu arrisque
O que você queria ouvir
terminei sussurando
Vou sentir alguma falta
Lembrar, mesmo sabendo que,
um dia, esqueci
De uma história com início, meio, sem fim
Sem anular aquela identidade
Legado de adolescente
Algo indecentemente errado,
modelo certo de um desregrado
Você ao meu lado
Novamente,
me desespero!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Genealogia Reinventada



Genealogia sofrida
de algo que eu acreditava existir
Amargamente calado
Um passado distante
de um jogo perdido
que pinga no chão de meu quarto
E me acho numa sombra difusa
que mal percebo como existência
ao lado de alguns sonhos
que sozinho projetei
Uma criança
perdida
O que resta de tudo isso
Quantas estórias para contar
E me pergunto, mesmo sabendo,
por que desta forma?
E encontro um novo caminho
Fadas para meu guarda-roupa
Quem dirá que é mentira?
Colho as pedrinha
restou a demolição
E mais uma vez digo
genealogia de uma existência sem passados
A aposta não valeu o prêmio
E o que nos resta são escolhas?
Toda a turbulência acontecia
nem olhei para as estrelas
E a lua lá no alto
nunca mais brilhou
Com a cabeça baixa,
já decorei os lugares por onde passei
E quem se importa com a solidão?
E acredito num profeta salvador
quando quase tudo se resume
aos medos, às decepções e aos riscos