Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Um Discurso a Ser Proclamado: Ora, são os Nossos Jornais!


Se eu falar musicadamente
cada trava de minha língua
termino com um piercing lesionado
pela fala que se aglutina

O entendimento confuso
da religião que se propaga
Tantas bocas falantes,
falantes de quase nada
E eu lendo o jornal que pouco me informa
matando um tempo perdido
que fujo por uma só estrada

Os olhos que observam
são fontes de pouca importância
Seus preconceitos se engarrafam
numa hipocrisia corrupta, confusa

No final chega você
Bancando o bom moço
Amigo dos inimigos,
inimigos a todo custo

Escrevendo poesias de cunho social
Todos declamam, proclamam,
rogam, rezam...
Mas as pessoas ainda são estatísticas
em todos os nossos jornais

Mais uma vez eu me revolto
Defronte ao computador
Escrevendo para eruditos,
Carentes de sabor

A mulher de lábios vermelhos
Passou agora ao meu lado
Todo aquele tesão,
tesão mórbido, gelado

E os salões de beleza se empanturram de baboseiras
TVs, maquiagem, cortes modernos, mutretas
Saídas perfeitas para a responsabilidade social
Afinal, para que lembrar aquilo que vemos todos os dias em nossos jornais?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Inversão dos Contrários


Vamos fingir que o amor não existe
Cuspir em todos os heróis
Levantar da cama para deitar de novo
Tocar para não ser ouvido
Gastar para ter dívidas
Ler contos de fadas para lembrar da vida
Marcar uma reunião com os amigos e amargurar a solidão
Sair de casa para esquecer...
Lembrar para viver...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Calúnias


Escrever na hora certa
as palavras que tem que ser ditas
a todo custo a alguém que se ama
Injurias, calúnias
Não querer mais você por perto
Uma decisão não informada...
E eu dedico pedaços de minha vida
tentando entender o porque de sua partida

Você não me deixou pistas
E essa estrada é tão triste
Tento te falar o desejo de meus lábios
O fulgor de meu pensamento
Mas você vira as costas
Corre, congela...
Se apaga, me deleta...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Interrogação: Mora em Mim


O leve vapor do café
Amargura casando com meu estado
deplorável... convincente
Lá fora só alguns carros
Aqui dentro uma canção
Minha xícara
A solidão
E você que não está aqui?
Alguns livros
O violão
Meu cigarro
O pão
As migalhas, espalhadas... no chão
No chão as roupas
sujas da noite
Impregnadas de eternidade
Vazias de significado
Tudo é culpa sua
Tudo é culpa minha
Não agüento mais essa cítara
Toda essa fumaça
obscurece o que procuro
E eu quero algum motivo para vencer
Para fugir
Para diluir a interrogação daqui...
Para encontrar algum modo para me redimir
E soprar a indecência de existir