Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sábado, 28 de junho de 2008

Reencontro Interior



Um encontro marcado
A ânsia de não faltar
Esperei negação
Você estava lá

Conversas das mais diversas
Talvez para dispersar
Olhares muitas vezes trocados
Entre espíritos desvirtuados
Com certeza, vai nos sarar

Queria agora tua mão
Teu peito
Teu coração
Queria até um pouco mais
Quem sabe o pensamento
Teu temor
Teu tormento

Entre o frio das alturas,
queria o teu corpo
O escopo do meu gosto
A libido de nossos rostos

Dos sonhos de fato presentes
São todos quase (des)crentes
Criança da noite,
inverno recente
Toques antes desconhecidos
São conhecidos do passado

Entre corpos que se atraem,
conto essa história fugaz
De alguém que só quer mais alguns minutos
Tão sofridos de se alcançar
Não quero você para meu mundo
Quero apenas sonhar

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ah, estou cansado...


Ah, estou cansado
Não quero mais nada disso
Cansei de ser um perigo

Não me diga o que restou


Onde foi parar toda construção
de uns poucos momentos atrás?
Não passamos de estranhos
Coisas mortas a se arrastar
Olhares trocados que não se somam
Que não vão mais se multiplicar

Não me diga o que restou
De minha parte, só me chegam lembranças
Fuja para uma toca
Corte o cordão umbilical

Apenas me deixe, comigo
A vontade fugaz, cedeu
Sei agora como você vive
Sei de tudo que me envolveu

Certamente não foi como eu pensava
Talvez nem fosse como você esperava
Mas não importa
Vou dar as costas

Quero me negar,
não vou mais desejar
Você se foi eternamente
Meus olhos não mentem
Meu tato já não mais te sente
Minha cobiça não é patente

Despedidas são sempre amargas
Não vou esconder a minha dor
Aquela que vai, depois volta,
que sempre hesita em se esvair
Só peço que pare e reflita:
você não irá voltar p
ara mim

domingo, 1 de junho de 2008

Vamos brincar?


Nos temos de criança, adorava rodar pião
Brincar de pega-pega, esconde-esconde, garrafão
Nas férias, corria atrás de pipas
Montava as bicicletas que fazíamos manobras
Pegava os patinetes para cair
Queria novamente os momentos de guri
Voltar aos tempos dos patins, das bolas de gude, dos sagüis
Ao do só ter motivos para sorrir

Mas agora tudo acabou
Da última gota, pouca coisa restou
Meus “comandos em ação” foram perdidos
Meus desenhos animados estão falseados
Meu quarto bagunçado, ta todo arrumado

Queria voltar a ser criança
Descobrir todo o óbvio tão fácil assim
Ah, Deus do Céu, porque tirastes isso de mim?
Porque tirastes isso de mim?


Vamos brincar de almofadinhas?

Amanhã como será?


Minha crítica é para ser contestada
Odeio o silêncio forçosamente silenciado de alguns covardes
Queria chegar a ver os que têm tudo a perder se lançarem na incerteza de se verem sem nada
Esses, sim, são dignos de respeito
É triste acompanhar os que vivem em seus permanentes medos
De não ter as chaves para a prisão interna, e quase eterna, dos que se acham livres e felizes
Aprendi que a solidão não é a ausência de pessoas por perto, é sim a ausência de si mesmo
Um verdadeiro sábio age antes de falar, para, depois, falar baseado no que já fez
Existo para marcar alguns momentos de umas poucas pessoas que me rodeiam
Mas existo para o agora

E as coisas que eu tinha para falar teriam que ser enterradas na consciência remota de alguém que desprezei
Porque, então, a demora em se arrepender?
E porque não conversar com seus avós?
Porque perder tempo com o medo que te mata antes de tua hora chegar?

Os frutos das árvores apodrecem
Cabe a nós retirá-los com todo esmero e compaixão
Não os deixe estragar
Recolha-os ainda no pé
Mas caso algum deles caia no chão, por favor, limpe-o, não o deixe em vão

Não deixe a vida apenas passar
Ainda que seja borrada de tristeza e de solidão
Viva para você
Para os sentimentos que te acompanham
Não se abstenha das batalhas
Morra uma vida duelada