Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A alguém tão perto, tão longe


Brincando, apagando, pintando
E você vai partir?
As fotos de antigamente
O vento, a cadeira, o seu lugar
Quem irá preencher?
As conversas cotidianas
Nossos olhares trocados, pagos, doados
E os olhos do Estado cansarão?
Cada toque
Cada beldade
O sentimento marcado
E aquele poema que eu não li
O que você deixou por mim?
O que você não falou para mim?
Finjo que esqueci?
As desculpas meramente ornamentais,
Palavras criadas
As mensagens deletadas
Sua presença sempre esperada
Tudo fica na memória
Nada se dissolve
E você ainda quer partir
Mesmo sem mim

Seus pensamentos fervilham
E outros vêem o que a boca não deixa revelar
Todo seu tormento
Todo seu penar
Mas ninguém se lembra
Ninguém sabe os ventos que cá vieram soprar
Ventanias incontroláveis que (in)felizmente não tem previsão de cessar
No entanto, eu ainda tento
Desesperadamente te dizer
O quanto eu quero você
Perto de mim
Ouvindo o que meu peito errado não quer assumir
Que os medos amedrontados se obstinam de declamar
Para limpar toda carapaça de lama
que minhas roupas brancas
insistem em carregar
Só por palavras, porém, não encontro a minha mensagem
Tenho consciência de minha limitação
Mas por ora, essa é minha emoção,
minha vontade,
meu tesão

Um comentário:

Nilson Vellazquez disse...

grande desabafo, grande poema
enorme poesia
abraços!