Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Desfecho




Na mesa, a toalha branca
maculada de sangue
escorrendo pelas beiradas,
deixa um pedaço do mármore aparecer na cabeceira
O prato com uma fatia de bolo, mantém estático o cenário
Os talheres a espera de uma utilidade
O copo, com vinho, trincado, sujo
A faca no chão
O cachorro deitado, parado, observando
O ventilador de teto na inércia do brando movimento
O corredor com uma lâmpada acesa
Do outro lado o cinzeiro,
com sua visita: o cigarro
consumido pelo calor e pelos pulmões de um dependente
Dele só restam dejetos de milhões de substâncias carbonizadas
Pela janela a brisa traz esperança
A vida se arrasta
E nesta casa, pouca coisa tem explicação
Entre ser um sujeito dissolvido
Prefere-se ser um efervescente
para fervilhar/efervescer toda a essência
e apagar de uma só vez
essa existência de caráter duvidoso
num caminho sem voltas
Vida mais de idas, que de voltas
Fora essa a vida do suicida daquela casa
Casa agredida pela parcela social que, voluntariamente, se oferece para a morte
Que soltando cada pedacinho de seu sentimento
Encontrou um vazio
Difícil de se elucidar
De uma vida vivida para morrer
Num caminho da perdição
De uma criança
sem pai,
perdida,
na aflição

2 comentários:

Leli Strange disse...

Puxa, adorei seu blog.^^

Imagens interessantes, posts mto bem escritos.^^
Parabéns. Vou add vc em meus favoritos,ok???

bjo.s

Montarroyos disse...

poxa... é uma honra poder ler isso... mto grato!!!!