Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Gercina Lyra da Silva (parte 2)


Quando minha bisavó se foi, era um dia de sol
Era uma quinta-feira, três de abril de dois mil e oito
Resplandecia luz
Ouviam-se pássaros
Daqui de dentro algo saiu
Foi rompida uma ligação
O ar se esvaiu
Ficamos sem você
Às 15h00min criou-se o vazio
E tudo preenchido, de repente, se destruiu
Foram 30 dias de sofrimento,
30 dias de purificação
Pela noite uma visitação
Uma tentativa de despedida
Eu tremia, suava com frio
Falei, mas com uma voz que não era minha
Pena, não entendi o que dizia
Tive medo
Foi meu primeiro contato
Quando é que você volta?
Quem mais vai me rezar?
Queria ter você aqui
Como é grande essa dor que me desconsola
É ruim a sensação de nunca mais voltar a ver
Perdoe-me, minha bivó, por todos os erros que cometi
Infelizmente essa foi à hora que vi o quão importante você é para mim
Nunca vou te deixar
Você comigo vai sempre estar
Nas minhas lembranças e pensamentos
Nas minhas fotos e aniversários
Nos meus poemas e nas minhas cartas
Você foi uma passagem,
um exemplo para me guiar
Quero ter fé que um dia vou te reencontrar
Mesmo que seja nos meus sonhos
Ou nas gotas de chuva que batem na janela
Mesmo que seja no formato das nuvens
Ou no barulho da latrina
Só quero que me prometa uma coisa
Uma única coisa pra me confortar
Nunca me deixe por completo,
sempre volte pro seu bisneto...

Um comentário:

Anônimo disse...

...poxa,
me emocionei ao ler

=(

senti por um segundo o que vc tah sentindo..

dói =(


a vida tem dessas coisas...



"Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz."
(Tom Jobim)


ps. fica bem.

=)