Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dedos em balões





Diga-me para onde partiu
a história daquele livro
Pederastas inocentes só existem em seu mundo
Tolo
Incompreensível
"Quem, afinal, é você?"
O que você carrega nessas mãos?
Punhados de confissões
não o livrará da angústia
Vire de ponta-cabeça seu relógio
talvéz, assim, o tempo volte
Desligue logo esse telefone
Volte para casa
Feche essa tranca quebrada
Ouça o som da indiscrição
"Alguém aí dentro pode se revelar?"
Deve haver um céu estrelado nesse corpo em farelos
Margarida, venha me encontrar
"O alerta já foi dado"
Corra com mais pressa
A dor pode alcançá-lo
Apague os retratos
Seus olhos refletem dor
Posso tocar os restos da destruição?
"Minha dor é apenas mais uma"
Chegou a hora de partir
Você poderia, ao menos, se explicar
A lua foi feita para os solitários
"Afundei o pé em meu coração"
Poderíamos, simplesmente, ser adolescentes
"Minhas lágrimas serão de aflição"
Queira seguir pela direita
"Para caminhos tortos só servem a esquerda"
E acabará a espera?
Amor não é só palavras
Minto para sobreviver
"Muito prazer, então"
Foi por pouco que me desencontrei
Dedos em balões
Meu mundo
Nosso espaço
"Auto-prisão"

sábado, 24 de abril de 2010

Para tudo e com todos: uma criança




Diz-se, por aí, que
partir com as botas limpas
é mais honroso que as deixar sujas
É o vento das mudanças que chega 
e com quase nada nos deixa
de nossas velhas esperanças
Venha e sussurre em meu ouvido:
"Sinto o que deveria sentir"
"Por nós, vale a pena sofrer"
Chegue mais perto e note
o sentimento perturbado
de nossa jornada
do desembarque
Não quero apenas fotografias
Como antigos amigos,
sem facas no coração,
quero que venha e revele apenas
quanto devemos por cada quinhão
E eu queria mesmo que você estivesse aqui
mas como muito custa olhar para o passado
Mais uma vez, uma criança
que, no vai e vem do tempo,
que nunca pára,
que nunca estanca,
lança mão do seu futuro,
de suas histórias,
de suas lembranças

terça-feira, 20 de abril de 2010

Tempo


Como o tempo que,
mais rápido que eu,
se apressa em logo si consumir
e passa correndo
fingindo que dá tempo para a vida
que devagar passa rápida
A velhice chega
Deixando-nos com a pele escorrendo:
resultado da ampulheta do tempo
Agonizamos nos poucos minutos
que em nossos dedos passam
Minutos que simplesmente correm para o nada
Preocupados com os muitos outros que ainda virão
Os olhos que acompanham
O espetáculo sem fim dos momentos
de vivos que vivem para o tempo
do tempo que, cedo ou tarde, acaba com os momentos


Vida?


 
Abrir os olhos não é viver!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Inconsistência



Tentando provar quem sou
Esqueci, por um momento, quem eu era

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Meu Contrato de Mudança



Admitir a existência de uma dor
não é provar mais uma carência
Paixões
distam léguas
Palavras juntas:
há sentimento?
Tanta coisa digo
Mas quantos mais não me entendem?
A sombra que se interpõe em nossos caminhos
E, mais uma vez, viro as costas
para uma viela às avessas
Sinto que peco de alguma forma
Não vou mais abrir as janelas
O caminho do horizonte estrelado
O coração emplumado
com pedras
E continuo na continuidade de uma esperança
O acordo dos amordaçados
num contrato silencioso
E cada vez mais, me vejo:
há um passo de irretornável,
no limite do ilimitável
a beira do irretratável
em um lugar em demasia longe, 
mas que, em meus sonhos, sonhei tão perto