Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Casa de Vovó, Casa de Vovô


O tempo vai passando
E aqui bem perto
a máquina rosnando
o fruto de seu trabalho contínuo,
parado
Reproduz a ternura de um semblante

Rememorando os bons tempos de meu agrado
Vejo minha avó sentada
Na cozinha
Primorosa é a minha velhinha
Que naquela calmaria, engatilha a linha na agulha
Deflagrando-se em sua costura

Olhando um pouco de lado, vejo meu avô
Sereno,
Calado,
Concentrado na televisão, desperdiça sua atenção

Me volto um pouco mais para parede
Para aquelas fotos de memória
Ali esta minha bisavó,
Recém-morta,
Congregando a família
Unida na desunião

Desisto, porém, de investigar essas lembranças
Tão bonitas de se olhar
E entro no quarto da minha tia
Daquele de alguns dias
A cama em que eu dormia
Perto do ventilador
Ao lado de meu avô
Infelizmente, não voltou

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