São muitas as situações que gostaríamos de dizer que apenas alguns dizeres nos salvariam de nós mesmos. Retalhos, mudanças, avalanches de responsabilidades são algumas dos infortúnios com que nos deparamos. Jaz mais uma criança. Mais uma vez nos vemos vítimas de nossos próprios mitos: precipita-se a queda dos castelos. Ruiu a morada dos deuses.
Um mundo que, dia-a-dia, aborta um filho. Desfigura sentimentos. Faz do mais belo nascer do sol, da complexidade da vida, da "significância" dos abraços, do aperto das mãos, do "bom-dia" leal repetições estranhas que poucos ousam questionar. Uma existência que alimenta - mais e mais - incertezas. A comilança desleal das concorrências, ocorrências, sanguinolências. A animalidade de nossos desejos. Nosso individualismo sem alegrias e contribuições. A ousadia que temos para enganar nossos medos: multiplicam-se os profetas que pintamos com tanto esmero. Nossa auto-definição.
O significado da existência que, a cada passo, sublima porquês. A transfiguração de uma jornada. A existência não opcional. O isolamento que nos submetemos. O nosso ciclo. A nossa vida. Os nossos momentos. Quantos sorrisos sorrimos por dia? E quantas vezes queremos voltar a ser crianças? O lado negro do conhecimento. A inutilidade dos desesperos. Os nossos entes queridos que ininterruptamente desbotam pela maldade do tempo, da caminhada sem fim, da procura por algo que ninguém sequer consegue definir. A velhice que chega. A morte que desassossega. O contraditório. As diferenças. A descrença.
Não podemos negar que nossa personalidade tão personalíssima, vez por outra, se encosta na de outras pessoas que, como nós, acreditam possui e definir seus infortúnios e sentimentos. Poucos notam que são os mesmos legumes plantados. São as mesmas colheitas colhidas. E na mesma proporção que buscamos nos individualizar, ironicamente nos assemelhamos. Medos do futuro, carências afetivas, vítimas de injustiças, lágrimas caídas. Quais são os planos para o futuro? E, repetidas vezes, vemos diferentes quantidades para os mesmo ingredientes. Saímos a comprar felicidades, amor, certezas, prazeres, humor. Pagaríamos com a mesma moeda, mas há algum fornecedor?
Por tudo isso, com que gana deveremos dizer "este é o que sou!"? Por qual preço vamos "vencer"? Até onde vamos lutar?
Um comentário:
Perfeito como sempre!
Saudades de tu... Xeero.
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