Um poço de lama. Alguns grãos de desejos. Um oásis de esperança. Um deserto de desespero.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Há Tanto Tempo




E quando foi a última vez que eu pus um cigarro na boca?
Que tomei uma atitude correta?
Que trilhei caminhos seguros?
Passando por aqui
repetidas vezes
Esqueci o que pensar
Com minha consciência se diluindo
pela jornada da traição
Cadê você que não volta?

Nesse meu coração, impiedoso,
por vezes ameaçador
procuramos, eu e você,
um canto para depositar nossas esperanças
Mas nem eu o encontro
E você apenas observa minha perdição

...ansiosamente...

Pego o pincel e tangencio nossos encontros
Pinto a ponte do desejo
Nessa tela de marfim,
negra e fria
que nada risca,
que nada demonstra

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Assim Eu Me Sinto Bem Melhor


Se você quer que eu parta
Eu sigo, por aquele caminho que você me indicou
Mas vou devagarzinho, amor
Olhando para trás
Olhando para os seus olhos
Para ver sua reação
Para te lembrar daqueles momentos juntos
Para te lembrar quem somos nós
E com esses laços desatados...
Numa mão levo a saudade
Na outra, teu coração...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Oh Baby


Oh baby, até quando você vai ficar me escondendo,
me escondendo tudo o que acontecera ontem?

Quais coisas importantes você fora fazer?
Qual drink você tomou?

Qual hora, qual hora, honey, você voltou?

São esses compromissos, inusitados?

E você não tinha dito que naquela noite era...
que naquela noite era só minha?

Houve um encontro, não?
Pode me dizer
E estou sentindo que esta estrada está se entortando

Estou sentindo isso, sim, baby
Você estava tão diferente hoje

Foi aquele seu amigo
aquele canalha
aquele das lágrimas, não foi?

Oh baby, realmente eu não sabia o quanto eu gostava de você
Oh baby
Baby nooooooooooooo...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sobre um Evento


Observar a sua vida
Prender-me aos mínimos detalhes,
de quem contigo fala,
de como você os responde
Quais são as suas intenções?
E aonde você chegará?
Transpirando essa insegurança
Vou me maltratando,
ao ler nos seus olhos,
o maquiavelismo de meu pensamento


Sua solidão massiva
Seu temperamento afetivo
Será assim com todos?
Ou é só pra me redimir?
Essa necessidade de pessoas
A popularidade de seu nome
As palavras largadas,
injuriosamente faladas
Ferindo mágoas recentes
De um coração dividido
Pela incerteza da dúvida
Pela não cobrança do descompromisso
Nos meandros de algum sorriso

sábado, 15 de novembro de 2008

Eu e Você

Parece que tudo que me rodeia cria vida
Os toques mais simples tornam-se os nossos protagonistas
O cheiro nascente do contato precipitado
E chegamos à beira mar
A lua já está bem alta
Naquele porto
As águas paradas
Essa madeira velha
Esses pensamentos incontroláveis
O sentimento singular
E eu vou escrever para você, por você
“Vai?”
“Vou”
A maré seca, encheu
Aqueles faróis estão desligados
O vento deslizando,
rosnando a sussurros sua canção,
choca-se com o calor interno de nossos corpos
E é difícil escolher qual caminho seguir
E eu te pergunto: dá para parar de ser tão universal,
ao ponto de me fazer lembrar de você
em tudo que vejo, toco, sinto?
Nos livros que não mais me perco,
já que meu mundo imaginado
se perde fora daquelas páginas
Que se encontra na encruzilhada da partida
No condensamento do suor
No sofrimento da distância
Eu e você, sem o porquê
Sem nos entendermos
Apenas por ambicionar
Movendo nossas montanhas
Superando nossos medos
Criando novas barreiras
Sangrando o nosso sangue,
gota a gota,
por nossos desejos

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Queda


Ouvindo as mesmas palavras
Essas suas promessas
Acho que já vi isso antes
em algum filme
em algum conto
Os exércitos a postos
Vamos erguer nossas lanças?
Quero participar deste livro
Vou morrer a morte ideal
Viver o personagem mais bonito
E eu não tenho medo
Não tenho medo de te perder
De fingir te perder
Realmente eu te quero muito
Para te guardar numa porta-volume
para transpirar
para te deixar escorrer
no ralo da cozinha,
no fogo
na cor
no azul,
nesse preto...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Poeta


O poeta que escreve não é o mesmo que vive
Não é o mesmo que declama
Não é o mesmo que aparenta ser
É a distância do modelo perfeito
Não se assemelha com ninguém
Não encosta a cabeça no mundo
Transpira injustiça
É egoísta
Não pensa nas conseqüências
Não procura explicação
Corre atrás das perguntas
Não se importa com os “outros”
Necessita de seu ofício,
o faz por obrigação,
por auto-flagelação,
para auto-punição

Em Alguns Momentos



Tão distante daqui
Dedilhando o chão
Meu violão ainda soa
Esse senil caminho
Pelas mesmas estradas
A Turner da esperança
E os galhos das folhas estão envelhecendo
Aqui, sem você
Com um copo na mão
Meu papel
Meus pensamentos
Meus erros
Escrevendo para você
A história se repete
Sem controle
Longe de mim mesmo
Essa estrada está mais distante,
você não acha?
E a lua que não pára de brilhar
Você é tão indelicada
Sequer me pergunta o que eu acho de tudo isso
Mas ta tão frio
Estou novamente aqui, sozinho

sábado, 8 de novembro de 2008

Andando na Contramão


Todos esses erros
Imerso nessa vontade
E amar quem não afaga
Se entregar para quem te dá as costas
Trazer rosas para quem de tulipas gosta
Por o peito a mostra por quem te despreza
Para fazer tudo valer à pena

Fazer promessas para togas compradas
E não vou voltar atrás
Pisar na esperança que ainda agoniza
Será mesmo que é a última a morrer?

E continuando, e correndo
Não vamos perder mais tempo
Tudo passa tão rápido
E são por esses corredores que tudo passa?

E insisto em não te ver
Talvez você esteja se escondendo
Não uso meus óculos como deveria
Está penumbra tem culpa

Apunhalando a carne doentia
Ouvindo a dor se dissipar no silêncio
que você insiste em manter
Não quero compartilhar de nada
Sua bilheteira está em crise
Ninguém mais se interessa por teatros
As poesias são passa-tempo
É essa sua dor que é apenas inspiração

Você luta para não deixá-la ir embora
E, mais uma vez, você passa por um papel humilhante
Não está em tempo de desistir, minha criança,
se perguntam todas as mães
Mas você nunca pára quando se deve
E essa droga está te consumindo
E essa droga está te denegrindo
Que tal parar por aqui?
Você ainda tem força?

Filho, a vida é em demasia longa
Cada sofrimento, cada felicidade, cada despedida
Tudo é momentâneo
Vamos ao parque
Que tal comprarmos umas balas?
Balas que nos deliciam
Balas que nos matam

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Você me dirijo


Por esses poemas
Por meus pensamentos
Um perdido se desencontra
E as ameaças retornam
Mas quem se importa?
Em tempos em que pouco se tem a perder
insuficiente é o medo
E andando, sem respirar, sem procurar
Nos batemos sem sabermos quem somos
Criando causas pequenas
Tão sem importância
Mergulhamos neste mar
Desconhecido
E não existe a “nossa canção”
E não existe essa junção
O mundo imaginado se dissolve
As fantasias açucaradas, saboreadas
Mas apenas nesta terra distante,
onde não se deve busca o fim,
esperamos que ele venha ao nosso encontro
O anonimato, virtude dos maldosos
dos inseguros, dos inexistentes,
se reproduz
E onde está você que não se mostra?
Quais são os dedos que vertiginosamente escrevem tantos “poréns”?
Qual insanidade você alimenta?
E essa crença de ter todos em suas mãos
Você realmente acredita?
Realmente acredita que é capaz?
Capaz de decidir qual caminho rumar,
e o que fazer quando os balões escaparem a suas mãos?
Sinceramente, é válido entender as pessoas?
Para que?
Para crucificar a surpresa de cada encontro?
Para adivinhar como elas agiriam?
Para evitar o sofrimento?
Prefiro minhas dores
Meus porquês
Minhas dúvidas
E isso é uma crítica
A todos vocês, cientistas do sentimento:
guardem suas fórmulas
joguem seus experimentos ao mar
Me deixe sozinho
Abandonem minha vida
Esqueçam as minhas marcas

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Piada que Sou


E pergunto aos céus
Que irei fazer,
se as frases que realmente gosto
não foram escritas por mim

Copio para me expressar
Repito os sofrimentos
Procuro os mesmos instrumentos
para problemas tão diferentes

Escrevo para esquecer
Me embriago para sublimar as angustias
E mais uma vez eu não pude dizer o que sinto

Recorrendo a eruditos,
que perdidos como eu
plantavam seus desesperos no papel
criei outro cenário para burlar a trama que agora transcorre

Quando é que criarei coragem, inspiração, bondade
para te dizer,
com minhas palavras,
a verdade sem máscaras,
encenada
com maquiagem
nesse meu rosto pintado
de vergonha, de medo,
que é minha piada?

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Desfecho




Na mesa, a toalha branca
maculada de sangue
escorrendo pelas beiradas,
deixa um pedaço do mármore aparecer na cabeceira
O prato com uma fatia de bolo, mantém estático o cenário
Os talheres a espera de uma utilidade
O copo, com vinho, trincado, sujo
A faca no chão
O cachorro deitado, parado, observando
O ventilador de teto na inércia do brando movimento
O corredor com uma lâmpada acesa
Do outro lado o cinzeiro,
com sua visita: o cigarro
consumido pelo calor e pelos pulmões de um dependente
Dele só restam dejetos de milhões de substâncias carbonizadas
Pela janela a brisa traz esperança
A vida se arrasta
E nesta casa, pouca coisa tem explicação
Entre ser um sujeito dissolvido
Prefere-se ser um efervescente
para fervilhar/efervescer toda a essência
e apagar de uma só vez
essa existência de caráter duvidoso
num caminho sem voltas
Vida mais de idas, que de voltas
Fora essa a vida do suicida daquela casa
Casa agredida pela parcela social que, voluntariamente, se oferece para a morte
Que soltando cada pedacinho de seu sentimento
Encontrou um vazio
Difícil de se elucidar
De uma vida vivida para morrer
Num caminho da perdição
De uma criança
sem pai,
perdida,
na aflição

Um Recado


E eu sou a o motivo de suas poesias
Só por mim
E o que você vai fazer agora?
Recados rasos, planos, incolores
Não diz nada
É o coloquial
Todos dizem o mesmo
Sentem esse lixo
Você não será mais a mesma
Seu mundo tão grande, tão pequeno
Sua música, sem tempo
Ausência de ritmo
de sentimento
Não humana,
sua vergonha
Decrescente,
palavras secas,
sem prática,
Teóricas
Que merda é essa que você me apresenta?
Que sensibilidade é essa que você tem?
Que recessão você criou?


sábado, 1 de novembro de 2008

Entre algumas verdades, entre algumas mentiras


O medo de perder quem se quer para sempre
O perigo rondando cada passo descompassado
Sua foto em minha estante
Sua roupa em meu armário
Você realmente me inspira
Agonia incessante
Hecatombe do perigo
Holocausto de minha vida
Suas lágrimas abrem seu rosto
Rasgam sua carne
Deixa cicatrizes
Denuncia sua solidão
Talvez você devesse acabar comigo,
se encostar ao meu peito
e esquecer todo o nosso risco